sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Medellin: Onde os fracos não têm vez

É inegável que Medellin ainda sofre com o estigma de ter figurado entre as mais violentas cidades do mundo e por ter sido sede do temido Cartel chefiado por Pablo Escobar, que dominou o narcotráfico mundial de entorpecentes. Confesso que viajamos com poucas expectativas e uma pulga atrás da orelha, já que a cidade não conta com atrativos muito famosos e agentes de viagem não se entusiasmam tanto quanto para vender pacotes para os famigerados destinos europeus.
Sob o simpático slogan de “Cidade da Eterna Primavera” o qual encabeça uma campanha mundial para vencer a mácula deixada pela violência urbana, Medellin não esconde o passado, se reinventa ano após ano.  O que se diz objetivamente é que a sucessão de administrações públicas comprometidas com a população tem reduzido drasticamente a violência urbana nos últimos anos, melhorado consideravelmente as condições de mobilidade da população, aumentado à distribuição de renda, democratizado o acesso aos serviços públicos e, de quebra, apresentado arquitetura de alta qualidade, fatores importantes para se considerar uma visita, mesmo que tudo isso pareça apenas balelas marqueteiras de alguns políticos muito habilidosos para alavancar o turismo.
Por ser uma metrópole frenética com 2,7 milhões de habitantes e apresentar uma atmosfera cosmopolita não é muito fácil identificar de imediato os aspectos da cultura local, chamada de Paisa. Situada nos vales andinos da porção noroeste do país, a atual região metropolitana da capital do Estado da Antióquia chega a 3,7 milhões de habitantes e lidera a região mais próspera da Colômbia devido à economia baseada na mineração, na indústria, na prestação de serviços, na geração de energia e na agricultura.  A cidade é também conhecida no cenário internacional devido aos centros de excelência em medicina. Inclusive, se diz que o desenvolvimento desta área do conhecimento se deveu ao fato de haver muito trabalho decorrente da violência que atingiu seu ápice na década de 1990.
Apesar de ainda não ser propriamente acolhedora e estar fora do circuito das cidades consideradas mais interessantes dos vales Andinos possui poucos atrativos históricos e turísticos à primeira vista, isso não quer dizer que não existam. É necessário sair da cidade para presenciar a origem da cultura Paisa e mergulhar na alma colombiana.
Entre os pontos que merecem atenção e nos diz bastante sobre a cultura Paisa na região é a pequena cidade de Guatapé. Distante a 87 km a leste de Medellin possui uma belíssima represa formada na década de 1970 para gerar cerca de 30% da energia elétrica consumida na Colômbia. A área tem vocação para veraneio e para o turismo, no entanto a região só começou a ser explorada há menos de 10, devido à instabilidade provocada pelo avanço das FARC – Forças Armadas Revolucionária da Colômbia – sobre as propriedades agropecuárias do seu entorno. Proprietários e produtores rurais insatisfeitos com a insegurança e cansados de viver dominados por uma instituição criminosa decidiram formar organizações paramilitares para defender o território, o que acabou diminuindo o avanço das FARC sobre as áreas rurais muito próximas a Medellin. Se por um lado a iniciativa beneficiou o desenvolvimento de várias atividades na região, por outro fortaleceu diversos grupos extremistas que podem desestabilizar a região, caso o Estado se descuide.
Tudo parece muito intenso e há resquícios de um passado violento que deve ser superado, mas certamente jamais será esquecido.
A beira da represa de Guatapé é possível encontrar as ruínas da antiga sede de uma das fazendas de Pablo Escobar que foi atacada em 1991 por um grupo rival em disputa pelo controle do narcotráfico proveniente do Cartel de Cali. Chefe do tráfico nas Américas por duas décadas, Escobar chegou a ser o sétimo homem mais rico do mundo, logo, não é de se admirar que tenha se tornado inimigo de Deus e do diabo, despertando a ira em grupos rivais, dos ianques e do próprio governo colombiano. Foi caçado até a morte em uma operação especial preparada pelo exército colombiano com ajuda dos norte americanos em 1993.

1.    Ruínas da sede de uma das fazendas de Pablo Escobar


Não sei exatamente quais foram os benefícios que o mega traficante proporcionou para as regiões pobres de Medellin em termos de trabalhos sociais, intervenções espaciais e assistência direta às populações carentes. É possível apenas notar que seu legado ainda está muito presente no imaginário popular, portanto, não recomendo que um estrangeiro desavisado emita qualquer opinião particular para um colombiano desconhecido. Sua polêmica personalidade ainda desperta reações desmedidas de ódio ou admiração.
A Pedra do Peñol é um dos pontos mais interessantes e visitados da região de Gatapé. Não precisa ser alpinista profissional para vencer seus 220 metros de altura, somente muita disposição para vencer uma escada de concreto de 740 degraus até o topo. Ao subi-la, a sensação é muito parecida com a de uma penitente em busca do topo de uma catedral gótica. Assim, o visitante é generosamente recompensado ao final do trajeto com uma das prováveis vistas mais espetaculares colombianas, os vilarejos das redondezas emoldurados pela belíssima Represa de Guatapé.





2.    Pedra do Peñol

3.    Represa de Guatapé



Próximo a região metropolitana, Marinilla a 47 Km de Medellin é um daqueles lugares que parece já termos estado alguma vez. A comida farta, de boa qualidade, a simpatia dos moradores, a temperatura amena, as ruas e calçadas de pedra, as construções agrupadas em ruas estreitas com muita declividade e as mulheres bonitas me fizeram lembrar a deliciosa atmosfera do interior de Minas Gerais. Principalmente por ter sido também um ponto importante de extração de ouro e outros minérios, o que deixou cicatrizes indeléveis no ambiente natural.
A forte presença da religiosidade católica, resquício do domínio espanhol, pode ser vista no maior acervo do mundo de representações de Jesus Cristo crucificado expostas na Casa da Cultura da cidade. As 2760 imagens estão organizadas em temas latinos, egípcios, eslovacos, russos, italianos, espanhóis, entre outros.
A Igreja de Maria Auxiliadora é outro exemplo que faz de Marinilla um importante destino de peregrinação cristã. As 6 abóbadas de concreto na base são inspiradas na estrela de Davi, e apoiam outras 12 abóbadas sobrepostas entre si, as quais estabilizam toda a estrutura do templo. Os vitrais inspirados em formas e cores da natureza, a decoração sem excessos, o ambiente acolhedor e o equilíbrio estrutural remetem a simplicidade das origens do cristianismo.

4.    Igreja Maria Auxiliadora em Marinilla

Chegando à Medellin pela rodovia 60 é fácil entender a ocupação urbana em que o principal eixo de circulação se estende de norte a sul ao longo do Rio Medellin. O fundo de vale, com topografia mais plana, propiciou a implantação do sistema de avenidas e de circulação de trens. As encostas na direção leste oeste apresentam uma topografia extremamente acidentada e muito difícil de ser vencida com sistemas tradicionais de mobilidade urbana como, veículos automotores, bicicletas, linhas férreas ou mesmo simples calçadas. A solução encontrada foi a implantação de um sistema de teleféricos batizado de Metro Cable, cujas linhas se interligam com o eixo principal e conecta boa parte da população mais carente que ocupa as áreas mais precárias da cidade, situadas nas encostas dos morros.


5.    Vista panorâmica de Medellin

6.    Estação Metro Cable Santo Domingo Savio

Como qualquer outra grande cidade latino americana, Medellin foi fortemente segregada e com alta variação no valor da terra. Ao criar áreas desproporcionalmente bem dotadas de infraestrutura e outras praticamente esquecidas pelo poder público, provocou uma série de conflitos sociais, os quais até poderia justificar o avanço do mercado de drogas.
Na tentativa de aliviar a tensão social criada pela alta segregação espacial, minimizar as diferenças sociais e reduzir a violência, o poder público optou assumir a divisão territorial e criar um sistema tributário menos injusto. Desta forma, foram atribuídos valores de 0 a 6 para diferenciar os estratos sociais, sendo que o estrato 0 é formado pelas áreas mais carentes de infraestrutura, com maiores índices de violência e com o padrão de habitação mais precário. O estrato 6 é formado pelas áreas mais bem dotadas de infraestrutura e evidentemente habitadas pela elite. Assim, os habitantes das áreas classificadas como 0, 1, 2 e 3, as quais abrigam 70% da população, recebem subsídios em tarifas de serviços públicos como transporte, energia e água, por exemplo, dos habitantes das áreas classificadas com, 4, 5 e 6, as quais representam 30% da população.
Mesmo que este sistema de tributação se pareça paternalista, a distribuição de renda é feita diretamente pelos próprios habitantes da cidade o que induz a uma menor autonomia da poder público em direcionar investimentos para privilegiar determinados grupos sociais. Creio que o principal efeito deste sistema seja o estabelecimento da noção de coletividade, de forma que a elite assume suas responsabilidades independentemente de ideologias políticas e de perfis de governantes.
7.    Área precária

8.    Área infra estruturada

Uma das linhas do Metro Cable liga o eixo principal norte sul ao Parque Arvi, local onde é possível explorar a região em relação ao seu patrimônio natural, cultural, arqueológico e agrícola e, ainda, trafegar por bairros populares e áreas de refúgios dos habitantes de Medellin. No meio do caminho pode-se visitar a Biblioteca de Espanha a qual foi doada pela Coroa Espanhola e marca o início da pacificação do bairro Santo Domingo Savio, tido como um dos mais perigosos da cidade no passado. Ainda não é possível circular pelo bairro com total segurança, mas o trajeto turístico é fortemente vigiado pela polícia e pelo exército e é preservado até pelos próprios moradores que adoram conversar com forasteiros.
9.    Estação Metro Cable Parque Arvi

10.  Interior Biblioteca de Espanha

Situada na região do centro administrativo a Praça dos Pés descalços é um dos símbolos do renascimento do urbanismo de Medellin. Antes que o leitor pergunte, a Praça dos Pés descalços nada tem haver com a música da Shakira. Inaugurada no ano 2000, a concepção arquitetônica buscou princípios da reflexologia para fazer o visitante desfrutar da tranquilidade da natureza em pleno ambiente urbano de forma que não é permitido o uso de calçados para caminhar pelas suas quadras de areias grossas. As cascatas, chafarizes e espelhos d’água são altamente convidativos para molhar as canelas, massagear os pés ou mesmo para um belo banho nos frequentes dias ensolarados.
A região ainda conta com o Teatro Metropolitano, um Museu de Ciências, o Bosque de Bambu, vários bares, restaurantes, cafés e a Plaza Mayor que abriga um centro de Convenções com uma Sala Multipropósito, vários pavilhões de exposições e um centro de apoio a eventos. Todas as áreas bem servidas de acesso ao sistema de transporte público, com arquitetura arrojada, com caminhos bem sinalizados e principalmente seguros.

11.  Praça dos Pés descalços

12.  Praça Maior

O sucesso de muitos dos empreendimentos públicos como a rede de bibliotecas municipais, o Metro Cable e os espaços públicos urbanos inovadores têm por traz a gestão da EPM – Empresa de Serviços Públicos de Medellin, a qual é de propriedade da Prefeitura e atua efetivamente no desenvolvimento urbano nas áreas de obras públicas, produção e distribuição de energia, saneamento, mobilidade, tratamento e distribuição de água e gás, no Estado da Antioquia, cuja capital é Medellin. Não é por acaso que sua sede está situada na mesma região que foi escolhida para simbolizar a modernização da cidade em um edifício icônico e com elevado padrão de automação em sistemas prediais, tendo se tornado uma referência internacional em termos de edificações inteligentes.

13.  Sede da EPM

A união entre o interesse público e os investidores privados fazem da EPM uma empresa bem fiscalizada e gerenciada com austeridade, fatores decisivos para torná-la a segunda maior empregadora do país, ficando apenas atrás da estatal Empresa Colombiana Petrolífera, a Ecopetrol.
A EPM tem autonomia para reinvestir e administrar o lucro de empreendimentos públicos nos 123 municípios em que atua e, pelo fato de estar desvinculada da política e ter independência administrativa, diminui-se o risco de projetos serem interrompidos devido à sucessão de prefeitos ou a mudança de prioridades políticas.
Não é possível conceber tal organização empresarial e assumir tamanha responsabilidade social sem um pacto entre Estado e população e um rigoroso combate à corrupção. Assim, a repercussão internacional dos projetos e o alto grau de excelência em gestão pública só se tornaram viáveis com o amadurecimento da democracia e o aumento da transparência nas contas públicas.
O que faz de Medellin tão instigante é que nada é tratado como bibelô, não vi nenhum grupo de indígenas tocando Beatlles com flauta andina. Todos os espaços públicos são de fato utilizados tanto por visitantes quanto por moradores, nada é preparado somente para turistas verem. Um exemplo é a Praça das Esculturas, situada no coração da cidade, onde desde 2002 estão expostas 23 peças originais confeccionadas em bronze e doadas para a cidade pelo consagrado escultor Fernando Botero. Mesmo após uma das esculturas – El Pájaro – ter sofrido um atentado terrorista em Junho de 1995, optou-se por deixá-las expostas em praça pública para que todos possam tocá-las e interagir com a sensualidade das formas de suas obras.

14.  Mulher com Espelho

A história de Medellin tem sido escrita com muita intensidade a menos de quatro décadas, de maneira que podemos acompanhar sua vivacidade cultural em seus aspectos urbanísticos, em sua política ousada e, principalmente, por ter despertado o orgulho de ser colombiano, consequência da pujança de sua economia, chegando a ser considerada a segunda melhor cidade para se fazer negócios na América Latina.

Ainda há muito que fazer para melhorar as condições de vida da população, no entanto, caso alguém considere uma visita e esteja preocupado com a segurança para o turista, é importante relatar que atualmente a cidade ocupa o 35º. posto no ranking da violência urbana mundial e é mais segura do que muitas cidades brasileiras.

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Urbanista

O dia 08 de Novembro passou e o dia mundial do urbanismo quase não foi lembrado. Mesmo a data tendo sido instituída em 1949 para celebrar a consciência com o nosso ambiente e a integração entre os seres em um espaço comum, pouquíssimas manifestações ocorreram em nosso país, principalmente por parte de profissionais, estudantes e demais envolvidos com a ingrata tarefa de organizar o espaço das cidades.  
Poucos e raros são os urbanistas de ofício e considerando o atual estado caótico de nossas cidades, principalmente das capitais nacionais, tenho minhas dúvidas se ao cursar uma faculdade de arquitetura podemos também usar profissionalmente o título de urbanista. Eu, pelo menos, uso-o com muito zelo.
O ofício do urbanismo exige do profissional, além do domínio das técnicas de projeto e execução de obras, muita vontade para articular iniciativas comunitárias, dom para o empreendedorismo, um consistente conhecimento da burocracia dos órgãos públicos, uma pitada de talento político e, principalmente, um cardápio de utopias na cabeça. Somente aquele que consegue enxergar e expressar o futuro com clareza e sem medo de parecer ridículo pode ser considerado urbanista.
Digo que tenho minhas dúvidas se nós, meros, quaisquer e mortais arquitetos, podemos também receber o título de urbanista, tendo em vista que tais aspectos citados acima nem mesmo fazem parte das grades curriculares das faculdades. Muito do que é ensinado, até nas melhores escolas brasileiras, não se trata exatamente de urbanismo, muito menos de planejamento urbano e sim de desenho urbano ou teoria e história do urbanismo, coisas bem diferentes!


Fotos: Érico Masiero
Medellin, São Carlos, Dublin, Colon, Búzios e Marinilla
Atualmente 54% da população mundial vive em cidades e, segundo Alexandros Washburn, urbanista norte americano, não há no mundo um profissional que toma sozinho tantas decisões importantes que afetam tantas pessoas. O número de profissionais urbanistas é muito menor em relação à quantidade de questões que devem ser abordadas em uma cidade para garantir a mínima qualidade de vida aos habitantes. Tal desproporção entre o pequeno número de profissionais frente as inúmeras decisões, não ocorre somente no Brasil.
Aí o leitor me pergunta: Se há tanto para fazer, por que há tão poucos profissionais atuando no mercado? A principal questão é que o exercício profissional do urbanismo só faz sentido em sociedades participativas, comprometidas com a qualidade de vida, engajadas politicamente e ricas em relacionamentos humanos, de forma que se torna viável para o urbanista dialogar e propor transformações no espaço urbano. Qualquer ação de intervenção espacial exige ao menos um interlocutor e nós, como sociedade, temos sido apenas expectadores de iniciativas empresariais ou governamentais, sem mesmo nos perguntarmos aonde nós, cidadãos podemos contribuir para melhorar a qualidade de nosso espaço. Não se pratica urbanismo unilateralmente!

A qualidade do espaço urbano nasce principalmente do afeto e do cuidado das pessoas com o lugar, sendo que tais comportamentos estimulam a formação de redes as quais agem para transformar um lugar em belo e significativo para a coletividade. Tristes são os lugares aonde não se permite considerar as relações humanas e a beleza como elementos essenciais para a formação do espaço.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

TFG sem Estresse


1. Estabeleça metas modestas, não tente resolver o problema do mundo, arquitetura não tem este poder.


2.   Faça um cronograma detalhado e siga-o rigorosamente, não inclua feriados, finais de semana e madrugadas no seu planejamento, em hipótese alguma. Considere uma média de 40 horas para desenhar uma folha A1 e no mínimo 50 horas para folhas A0 bem detalhadas. Reserve pelo menos 2 semanas para fazer uma revisão, fazer as impressões e se adequar frente a qualquer imprevisto.

3.  Escolha um tema que tenha condições de pesquisar e tenha certeza de que terá acesso as informações necessárias.

4.  Jamais se apaixone por um tema e muito menos por uma ideia. Não tenha medo de mudar, só estabeleça prazos limites para isso.

5. Maquete não serve somente para apresentação final, deve ser desenvolvida durante o projeto como parte do processo criativo. Modelos 3D ajudam, entretanto não resolvem todos os problemas. As decisões sobre a estrutura, as tecnologias construtivas e a estética são decisões humanas e nenhum computador vai tomar a decisão por você ou indicar a melhor solução de projeto.

6.  Tenha tudo que precisar à sua mão no início do ano, sobretudo as bases bibliográficas principais. Planeje seu trabalho de acordo com o recurso que você dispõe. Evite trocar de computador, software, prancheta, orientador ou de universidade.

7. Não brigue com seu orientador, mesmo que você não goste dele.

8. Não se preocupe em ser genial. Em geral, é melhor fazer um arroz com feijão bem feito do que um cassoulet meia boca.

9. Seja lá qual for seu método de projeto, não se iluda quanto a sua capacidade de produção nem com as maravilhas da informática. Não há atalhos e o segredo é manter a constância de trabalho, a disciplina e a dedicação.

10. Bebidas, maconha, cocaína, anfetaminas, chá de cogumelo, alucinógenos ou qualquer outro tipo de bagulho não vai lhe “abrir a mente para um novo mundo” ou lhe propiciar ideias geniais, pelo contrário, só vai prejudicar seu desempenho. Você confiaria no diagnóstico de um médico bêbado ou em uma defesa preparada por um advogado cheirando a marofa? No máximo, cafezinho e cigarro nos intervalos.

sábado, 27 de setembro de 2014

Satisfação

Este mês de Setembro o ArqAbout completou dois anos de atividade. Entre as principais razões que me motivaram a escrever em um blog estão à liberdade de relatar experiências, emitir opiniões e abrir a possibilidade de atingir muitas pessoas interessadas em se aventurar por esta fascinante atividade que é a arquitetura. Acredito que meus alunos me “ouvem” até melhor do que durante as aulas, justamente por estarem mais ligados na web do que nas tradicionais aulas expositivas.

Em dois anos de atividade foram quase 70 mil acessos, não quer dizer que foram 70mil leitores. É pouco se comparar com o blog da nossa musa Lola Benvenutti que consegue mais de 3.000 acessos somente em um dia, mas é muito para quem tinha pretensões bem mais modestas e tratando de assuntos não tão interessantes quanto os dela. Mesmo assim, agradeço imensamente todo apoio que tenho recebido e sinto que a pequena dedicação pode sim fazer alguma diferença na vida profissional de algumas pessoas.



Após 31 textos publicados e algumas polêmicas, vejo que ainda há uma gama imensa de assuntos para serem tratados em relação às expectativas de estudantes e profissionais iniciantes. Percebi inclusive que o blog tem despertado o interesse de profissionais de outras áreas que convivem com problemas semelhantes em relação às dúvidas de como agir, à concorrência profissional, à ética, ao comportamento pessoal e as responsabilidades sociais.  

Entre os assuntos mais sugeridos estão às novidades advindas da implantação do CAU – Conselho de Arquitetura e Urbanismo – as possibilidades de atuação profissional e as angústias sobre a inserção no mercado de trabalho, seja através de concursos públicos, processos seletivos em empresas privadas ou a atuação como profissional liberal autônomo.



Monitoro as estatísticas de tráfego através das ferramentas do Blogger e somente a semana passada o gerenciador acusou acessos de leitores de dez diferentes países. Nem imagino com qual interesse, mas é impressionante o grau de alcance e a repercussão que cada texto atinge. Veja a tabela abaixo.


Os textos mais acessados, compartilhados e comentados foram respectivamente: “Frases Feitas por Celebridades", "Quem Define Projeto?" e o "Pedreiro não me Respeita”.  Há também o texto “A Lista dos 10 Arquitetos mais Famosos do Brasil” que tem recebido muitas visitas, no entanto acredito que os internautas que o acessam estão na verdade procurando glamour, star archictects ou celebridades e de certo se decepcionam ao se deparar com afirmações do tipo “o sucesso não ocorre por acaso”, e sim, é fruto de comprometimento, esforço e objetividade, palavras não muito simpáticas.

Agradeço muito ao Maurício Gomes e a Giovanna Wakamatu que pacientemente revisam os textos, contribuem com sugestões e corrigem os erros de português.



http://arqabout.blogspot.com.br/

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Trabalho no Exterior

Há três principais caminhos para aqueles que pretendem obter uma experiência profissional no exterior. A primeira delas é ser contratado por uma multinacional e, esta empresa, transferi-lo para algum país. Neste caso, dificilmente você vai decidir para onde ir. A segunda é se ligar a uma instituição de ensino superior ou a um programa de intercâmbio internacional e procurar oportunidades de estágios ou estudos compatíveis com sua experiência. A terceira, a qual gostaria de tratar com mais detalhes neste texto, é o método tradicional, ou seja, procurar vagas de emprego diretamente no país de interesse.

Quatro fatores são fundamentais para aqueles que querem se aventurar a trabalhar com arquitetura no exterior. Primeiro, o domínio do idioma, segundo, é a documentação que permita obter o visto de trabalho no país, o terceiro, se refere à formalização dos seus conhecimentos sobre a área que você pretende atuar e, o quarto e mais importante, é grau de seu desprendimento com sua vida atual e sua abertura para vivenciar novas culturas. Sem estes quatro fatores bem resolvidos dificilmente você obterá sucesso lá fora.
Apesar de parecer óbvio que o domínio do idioma seja essencial, é muito comum as pessoas alimentarem expectativas de sucesso no estrangeiro acima do próprio preparo e se decepcionarem devido às experiências negativas com a comunicação. Principalmente pelo fato de que quando estudamos um idioma em alguma escola especializada, por melhor que ela seja, dificilmente teremos contato com a diversidade de sotaques e as expressões idiomáticas que se praticam pelo mundo. É possível dominar toda a gramática, ser expert em conjugação de verbos e conhecer bem a literatura de um determinado idioma, mas somente vivenciando-o para adquirir habilidades linguísticas e não passar apertado no cotidiano.

Crédito da imagem: Aaron Koblin

Isto também vale como dica para sua adaptação à cultura, aos hábitos locais, à alimentação, ao clima e ao ritmo de vida. Sem esforço e entusiasmo para compreender os valores da sociedade que pretende fazer parte e às condições sociais a que estará submetido, sua integração pode ficar comprometida. Esteja preparado inclusive para sofrer possíveis discriminações de origem étnico racial, de gênero ou profissional. Neste caso, muito provavelmente será necessário você mostrar serviço em dobro para provar sua capacidade produtiva.

Cada país determina suas próprias regras para emitir vistos de entrada nos passaportes e classificar os visitantes. Tais regras estabelecem principalmente o quanto tempo o visitante pode permanecer no território e o que ele poderá fazer por lá. Entre os diversos tipos de vistos de entrada nos países há o de turismo, o de estudo, o de trabalho temporário, o de imigrante e os de refugiados de conflitos internacionais. Assim, é importante que o pretendente a uma vaga de trabalho em algum país estude as regras para a obtenção de um visto de trabalho e verifique quais as condições necessárias para se tornar residente permanente.

Cada país oferece oportunidades para trabalhadores estrangeiros de acordo com a carência de profissionais em determinadas áreas. Por exemplo, se faltam profissionais na construção civil, o governo pode oferecer vagas para estrangeiros que demostrem bom desempenho profissional, boa reputação, formação acadêmica consistente e desejem estabelecer residência temporária ou permanente com seus familiares no país. Assim, abrem convites para que estrangeiros possam atuar legalmente no país.
De qualquer maneira, é recomendável que sua documentação seja impecável e todas as suas intenções fiquem claras nas entrevistas com o setor de imigração. Aqueles que gozam de direitos de dupla cidadania normalmente adquirem o mesmo status de residentes nativos após determinado tempo de permanência, principalmente em alguns países europeus.

Para quem estudou arquitetura e urbanismo no Brasil não é muito fácil formalizar os conhecimentos no exterior e receber uma habilitação profissional automática, fato que decorre do nosso isolamento cultural, linguístico e de nossa formação acadêmica ainda pouco preocupada com integração internacional. A Inglaterra, por exemplo, não reconhece o título de arquiteto obtido no Brasil e caso você pretenda atuar no mercado daquele país é necessário obter uma credencial do RIBA, (Royal Institute of British Architects), similar ao nosso CAU. Será exigido, neste caso, comprovar determinado tempo de estágio em alguma instituição conveniada com o RIBA na Grã Bretanha e cursar atividades acadêmicas complementares em alguma universidade, o que não costuma ser rápido nem muito barato. Caso você não consiga comprovar sua formação acadêmica e nem formalizar seus conhecimentos perante a sociedade daquele país, seu destino profissional será permanecer como estagiário por tempo indeterminado.

No Brasil ainda há uma imensa informalidade no mercado de trabalho principalmente no de arquitetura. Não se respeita piso salarial, horário de trabalho, tempo de experiência do funcionário, plano carreira, seguridade social, etc. De forma que estamos habituados com a precariedade das relações de trabalho. Em muitos países desenvolvidos não existe a menor possibilidade de ser contratado por uma empresa séria de forma precária como ocorre aqui com frequência. Assim, para concorrer a uma vaga em um local em que você muitas vezes pode ser visto como invasor, é necessário que sua documentação tanto referente ao visto quanto a habilitação profissional sejam impecáveis. Embora o fator mais relevante para o sucesso no exterior seja a sua disponibilidade para aceitar novas formas de viver e o seu desapego em relação ao Brasil, principalmente em relação às questões afetivas. Lembre-se que a busca por qualidade de vida e as questões financeiras podem não ser as mais preponderantes para embasar sua decisão de mudar de país.

Se sua intenção é apenas obter uma experiência profissional rápida, uma alternativa mais viável é buscar oportunidades na área acadêmica, tais como pós graduação, estágios especializados e intercâmbios profissionais, mas estes assuntos pretendo tratar em outro texto.

Alguns links úteis:



http://www.architecture.com/RIBA/Aboutus/Aboutus.aspx Royal Institute of British Architects


http://www.aia.org/ The American Institute of Architects

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Pós Graduação III - Sugestão de Cursos

A sensação de que tudo passou tão rápido e que não houve tempo suficiente para aprender coisas essenciais é bastante comum no final da faculdade. Na ansiedade de ampliar as oportunidades ou suprir alguma carência no ensino da graduação, muitos procuram os cursos de pós graduação, mesmo sem ter um planejamento objetivo da carreira a longo prazo.



A especialização não se consegue somente através de mestrados, doutorados, MBAs ou cursos de especialização. Também se consegue pela experiência e a realização de uma sequência bem sucedida de trabalhos especializados, de forma que o Conselho Profissional até pode atestar sua capacidade técnica. A diferença é que a experiência adquirida no mercado de trabalho dificilmente será reconhecida pelas universidades, e um documento de origem acadêmica que comprove seu conhecimento pode fazer falta no futuro. No entanto, os cursos acumulados em seu currículo só serão reconhecidos pelo mercado de trabalho mediante a apresentação de resultados contundentes. Ou seja, não adianta acumular conhecimento e não transmiti-lo.


Para finalizar a sequência de textos sobre a pós graduação e contribuir com suas decisões na carreira, resolvi elaborar uma seleção de cursos e instituições de ensino que oferecem boas oportunidades de estudo no interior de São Paulo. A seleção abrange os cursos com perfis acadêmicos e profissionais em áreas específicas e correlatas à arquitetura. O objetivo é evidenciar que a versatilidade do profissional de arquitetura favorece sua mobilidade entre as áreas de humanas, exatas e as multiprofissionais.

Programas de Pós Graduação Stricto Sensu - Mestrados e Doutorados Acadêmicos

Universidade Estadual Paulista UNESP Bauru Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Universidade Estadual Paulista UNESP Bauru Pós Graduação em Design

Universidade Estadual Paulista UNESP Bauru Pós-graduação em Engenharia Civil e Ambiental


Universidade de São Paulo USP São Carlos Pós Graduação em Arquitetura e Urbanismo

Universidade de São Paulo USP São Carlos Pós Graduação em Ciências da Engenharia Ambiental


Universidade Federal de São Carlos Pós Graduação em Engenharia Urbana

Universidade Federal de São Carlos Pós-Graduação em Estruturas e Construção Civil

Universidade Estadual de Campinas UNICAMP Pós Graduação em Arquitetura, Tecnologia e Cidade


Pontifícia Universidade Católica de Campinas PUCCAMP Pós-Graduação em Sistemas de Infraestrutura Urbana

Pontifícia Universidade Católica de Campinas PUCCAMP Pós-Graduação em Urbanismo

Universidade Estadual Paulista UNESP Presidente Prudente Pós Graduação em Ciências Cartográficas

Centro Universitário Araraquara Mestrado em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente



Cursos de Pós Graduação Lato Sensu - Especializações e MBAs

Universidade Federal de São Carlos Especialização em Gestão Ambiental

Universidade Federal de São Carlos Gestão e Tecnologia de Sistemas Construtivos de Edificações

Universidade Federal de São Carlos Especialização em Geoprocessamento Ambiental

Universidade Federal de São Carlos Especialização em Projeto e Gestão de Infraestrutura Urbana

Centro Universitário Araraquara MBA em Gestão de Projetos

Centro Universitário Moura Lacerda Ribeirão Preto Especialização em Engenharia de Estruturas

Centro Universitário Moura Lacerda Ribeirão Preto Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

Centro Universitário Moura Lacerda Ribeirão Preto Especialização em Engenharia de Obras Rodoviárias e Sistemas Viários Urbanos

Centro Universitário Senac Ribeirão Preto SENAC Arquitetura Comercial, Arquitetura da Paisagem, Construção Sustentável e Certificação Ambiental em Empreendimentos Imobiliários, Design de Interiores, Projetos Sustentáveis para Arquitetura e Design, Projetos de Iluminação

Universidade de Ribeirão Preto UNAERP Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho

Fundação Armando Alvares Penteado FAAP - Ribeirão Preto Gerente de Cidades

Centro Univeristário Rio Preto UNIRP - São José do Rio Preto Especilização em Projeto em Design de Interiores

Unversidade Paulista UNIP - São José do Rio Preto MBA em Gestão de Obras de Edificações

Cento Universitário Toledo UNITOLEDO Araçatuba Especialização em Avaliações e Perícias de Engenharia

Cento Universitário Toledo UNITOLEDO Araçatuba Especialização Design de Interiores

Universidade Estadual Paulista UNESP Bauru Especialização em Perícias de Engenharia e Avaliações

Universidade Estadual Paulista UNESP Bauru Especialização em Saneamento Ambiental



Universidade de Marília UNIMAR Especialização em Design de Interiores