segunda-feira, 26 de maio de 2014

O fato de você ter cumprido uma graduação em arquitetura e urbanismo não quer dizer que você tenha que permanecer estudando a mesma área do conhecimento durante a pós graduação. É até saudável procurar se desenvolver e beber em outras fontes, no entanto, é recomendável procurar cursos de áreas correlatas que complementem seus conhecimentos a sua área principal de formação. 

Estabelecer metas profissionais e identificar áreas promissoras de atuação são dificuldades inerentes a qualquer um e a pós graduação pode ajudar neste processo, uma vez que, além de se aprofundar em uma área específica de atuação você pode criar também uma ótima rede de relacionamentos, já que estará em contato com pessoas de diversas áreas e com interesses semelhantes.

Os processos seletivos para os MBAs e especializações são baseados na análise de curriculum e entrevista do candidato com os responsáveis pela coordenação do curso, já os processos de seleção para a pós graduação Stricto Sensu, as exigências costumam ser mais rigorosas e, além da entrevista e da análise curricular, o candidato é avaliado também através de uma prova de conhecimentos relativos aos assuntos ligados ao programa de pós graduação, ao projeto de pesquisa preliminar e de um exame de proficiência de idiomas, geralmente o inglês.



Os cursos Lato Sensu podem demorar aproximadamente um ano e meio, os Mestrados acadêmicos variam de dois a três anos e os doutorados levam até quatro anos. Caso o candidato faça a requisição por uma bolsa de estudo, ele terá que disputá-la entre os melhores classificados no processo seletivo. No Brasil, a área de exatas costuma ter oferta de bolsas mais generosa e menor concorrência em relação aos processos seletivos dos cursos ligados à humanas.

Uma das vantagens de se graduar em arquitetura é que o aluno pode transitar entre a área de humanas, a de exatas e as multidisciplinares. Entre as áreas que mantém grandes afinidades com a formação em arquitetura e despertam o interesse de profissionais estão, à tecnologia de processos construtivos, a teoria e história da arquitetura, o design de interiores, algumas áreas ligadas às engenharias, os estudos urbanos e ambientais, as áreas administrativas e as especificidades em projeto como o hospitalar, o habitacional ou o coorporativo, por exemplo. Você pode escolher cursar uma pós graduação nestas áreas nos níveis Stricto Sensu ou Lato Sensu em instituições de ensino superior estadual, federal ou particular, tudo vai depender do quanto tempo e dinheiro pretende investir e dos seus objetivos profissionais a curto ou longo prazo.

Apesar de haver uma grande oferta e boas possibilidades de desenvolvimento profissional no Brasil, algumas regiões ainda são carentes de instituições que garantam qualidade de ensino. Logo, muitas instituições se concentram nas capitais e em algumas cidades do interior. Entre as cidades que oferecem boas opções e generosa oferta de cursos no interior do Estado de São Paulo estão Ribeirão Preto, Araraquara, Campinas, São Carlos, Bauru, São José do Rio Preto, Marília, Araçatuba e Presidente Prudente. Assim, os valores dos deslocamentos e da estadia nestas cidades também devem ser considerados na sua decisão ao investir em uma pós graduação.

Nos textos “Censo do CAU e os desafios na formação em Arquitetura e Urbanismo (partes 1 e 2)” que publiquei neste mesmo blog e no portal Vitruvius,  http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/drops/14.071/4834 , relato as razões para a dificuldade que arquitetos enfrentam para a inserção no mercado de trabalho e para a alta concentração de profissionais em tarefas pouco especializadas. Para escrevê-lo busquei informações em órgãos de fomento à pesquisa, em processos seletivos de empresas, em concursos de instituições públicas e colegas em geral. O principal foco era detectar quais áreas ligadas à atividade de arquitetura e urbanismo eram as mais carentes de profissionais de alto nível e as mais promissoras. Após alguns meses de conversas, leituras e experiências pessoais, identifiquei cinco assuntos que apresentaram uma tendência de crescimento no mercado profissional e no acadêmico, são eles:


·  Controle de custos de obras, processos construtivos e gestão da qualidade da produção.
·        Estudos urbanos e ambientais
·        Educação e formação técnica profissional
·      Avaliação de edificações e consultorias específicas, tais como, acústica ambiental, desempenho termo energético de edificações, processos de certificações ambientais e normas técnicas de segurança.
·        Análise de mercado e planejamento de investimentos.

Caso tenha a intenção em levar os estudos após a formatura, recomendo considerar estas opções, desde que você identifique afinidades pessoais com algumas destas áreas do conhecimento.

Dirá o leitor que tais áreas estão mais ligadas às engenharias e administração do que para a arquitetura propriamente dita. É exatamente este o ponto que gostaria de chegar, pois o mercado está carente de profissionais que unam o perfil generalista e o conhecimento técnico.

É certo que há muitos outros setores de atuação que também podem ser atraentes, mas reitero que aqueles que estão investindo em qualificação, principalmente em alto nível, ou os que pretendem atuar no ensino em todas as esferas, ou os que pretendem trabalhar com desenvolvimento do conhecimento, inovação e indústria criativa, certamente terão grandes oportunidades de se estabelecer profissionalmente em nosso país. Para aqueles que ainda não tem certeza qual caminho seguir, mas pretendem continuar estudando, recomendo que procurem os cursos de extensão que são mais rápidos e baratos. Assim, é possível conhecer uma área de atuação mais de perto sem precisar mergulhar de cabeça em uma pós graduação longa e onerosa.

Mas atenção, este texto não pretende ser um manual de auto ajuda e não garanto sucesso absoluto nos próximos anos caso optem por seguir estes conselhos.

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