Há três
principais caminhos para aqueles que pretendem obter uma experiência
profissional no exterior. A primeira delas é ser contratado por uma multinacional
e, esta empresa, transferi-lo para algum país. Neste caso, dificilmente você
vai decidir para onde ir. A segunda é se ligar a uma instituição de ensino
superior ou a um programa de intercâmbio internacional e procurar oportunidades
de estágios ou estudos compatíveis com sua experiência. A terceira, a qual
gostaria de tratar com mais detalhes neste texto, é o método tradicional, ou
seja, procurar vagas de emprego diretamente no país de interesse.
Quatro fatores
são fundamentais para aqueles que querem se aventurar a trabalhar com
arquitetura no exterior. Primeiro, o domínio do idioma, segundo, é a documentação
que permita obter o visto de trabalho no país, o terceiro, se refere à formalização
dos seus conhecimentos sobre a área que você pretende atuar e, o quarto e mais
importante, é grau de seu desprendimento com sua vida atual e sua abertura para
vivenciar novas culturas. Sem estes quatro fatores bem resolvidos dificilmente
você obterá sucesso lá fora.
Apesar de
parecer óbvio que o domínio do idioma seja essencial, é muito comum as pessoas
alimentarem expectativas de sucesso no estrangeiro acima do próprio preparo e
se decepcionarem devido às experiências negativas com a comunicação.
Principalmente pelo fato de que quando estudamos um idioma em alguma escola
especializada, por melhor que ela seja, dificilmente teremos contato com a
diversidade de sotaques e as expressões idiomáticas que se praticam pelo mundo.
É possível dominar toda a gramática, ser expert em conjugação de verbos e
conhecer bem a literatura de um determinado idioma, mas somente vivenciando-o
para adquirir habilidades linguísticas e não passar apertado no cotidiano.
Crédito da imagem: Aaron Koblin |
Isto
também vale como dica para sua adaptação à cultura, aos hábitos locais, à
alimentação, ao clima e ao ritmo de vida. Sem esforço e entusiasmo para compreender
os valores da sociedade que pretende fazer parte e às condições sociais a que
estará submetido, sua integração pode ficar comprometida. Esteja preparado
inclusive para sofrer possíveis discriminações de origem étnico racial, de
gênero ou profissional. Neste caso, muito provavelmente será necessário você mostrar
serviço em dobro para provar sua capacidade produtiva.
Cada país
determina suas próprias regras para emitir vistos de entrada nos passaportes e
classificar os visitantes. Tais regras estabelecem principalmente o quanto
tempo o visitante pode permanecer no território e o que ele poderá fazer por lá.
Entre os diversos tipos de vistos de entrada nos países há o de turismo, o de
estudo, o de trabalho temporário, o de imigrante e os de refugiados de
conflitos internacionais. Assim, é importante que o pretendente a uma vaga de
trabalho em algum país estude as regras para a obtenção de um visto de trabalho
e verifique quais as condições necessárias para se tornar residente permanente.
Cada país
oferece oportunidades para trabalhadores estrangeiros de acordo com a carência
de profissionais em determinadas áreas. Por exemplo, se faltam profissionais na
construção civil, o governo pode oferecer vagas para estrangeiros que demostrem
bom desempenho profissional, boa reputação, formação acadêmica consistente e
desejem estabelecer residência temporária ou permanente com seus familiares no
país. Assim, abrem convites para que estrangeiros possam atuar legalmente no país.
De qualquer
maneira, é recomendável que sua documentação seja impecável e todas as suas
intenções fiquem claras nas entrevistas com o setor de imigração. Aqueles que
gozam de direitos de dupla cidadania normalmente adquirem o mesmo status de
residentes nativos após determinado tempo de permanência, principalmente em alguns
países europeus.
Para quem
estudou arquitetura e urbanismo no Brasil não é muito fácil formalizar os
conhecimentos no exterior e receber uma habilitação profissional automática,
fato que decorre do nosso isolamento cultural, linguístico e de nossa formação acadêmica
ainda pouco preocupada com integração internacional. A Inglaterra, por exemplo,
não reconhece o título de arquiteto obtido no Brasil e caso você pretenda atuar
no mercado daquele país é necessário obter uma credencial do RIBA, (Royal
Institute of British Architects), similar ao nosso CAU. Será exigido, neste
caso, comprovar determinado tempo de estágio em alguma instituição conveniada
com o RIBA na Grã Bretanha e cursar atividades acadêmicas complementares em
alguma universidade, o que não costuma ser rápido nem muito barato. Caso você
não consiga comprovar sua formação acadêmica e nem formalizar seus
conhecimentos perante a sociedade daquele país, seu destino profissional será permanecer
como estagiário por tempo indeterminado.
No Brasil
ainda há uma imensa informalidade no mercado de trabalho principalmente no de
arquitetura. Não se respeita piso salarial, horário de trabalho, tempo de
experiência do funcionário, plano carreira, seguridade social, etc. De forma
que estamos habituados com a precariedade das relações de trabalho. Em muitos
países desenvolvidos não existe a menor possibilidade de ser contratado por uma
empresa séria de forma precária como ocorre aqui com frequência. Assim, para
concorrer a uma vaga em um local em que você muitas vezes pode ser visto como
invasor, é necessário que sua documentação tanto referente ao visto quanto a habilitação
profissional sejam impecáveis. Embora o fator mais relevante para o sucesso no
exterior seja a sua disponibilidade para aceitar novas formas de viver e o seu
desapego em relação ao Brasil, principalmente em relação às questões afetivas.
Lembre-se que a busca por qualidade de vida e as questões financeiras podem não
ser as mais preponderantes para embasar sua decisão de mudar de país.
Se sua
intenção é apenas obter uma experiência profissional rápida, uma alternativa mais
viável é buscar oportunidades na área acadêmica, tais como pós graduação,
estágios especializados e intercâmbios profissionais, mas estes assuntos pretendo
tratar em outro texto.
Alguns
links úteis:
http://www.immi.gov.au/Work/Pages/skilled-occupations-lists/sol.aspx
Departamento de Imigração Australiano
http://www.canadainternational.gc.ca/brazil-bresil/visas/index.aspx?lang=por&menu_id=38 Imigração
Canadá
http://www.architecture.com/RIBA/Aboutus/Aboutus.aspx Royal Institute of British Architects
http://www.aia.org/
The American Institute of Architects
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