sábado, 6 de abril de 2013



A natureza da atividade do arquiteto, assim como a de muitas outras profissões, se caracteriza pela liberdade de atuação e pela possibilidade de lidar com uma enorme gama de assuntos sem estar necessariamente comprometido com uma estrutura produtiva hierarquizada como as de empresas ou instituições em geral. Quando se escolhe atuar nestas condições, é preciso estar ciente que as responsabilidades perante a sociedade e sobre suas conquistas se tornam exclusivamente individuais. Este é o preço da liberdade dos profissionais categorizados como liberais.


Embora a ideia de liberdade de pensamento seja sedutora para os ingressantes nesta atividade, nem todos optam arcar com o ônus de viver livremente, ou longe de empregos formalizados em alguma organização produtiva. Entretanto, é absolutamente imprescindível assimilar que as diversas possibilidades de atuação estão ligadas a sua permanente atenção às alterações das oportunidades de trabalho sob quaisquer condições.

Percebe-se que formação profissional do arquiteto está, de fato, cada vez mais generalista. Inclusive, muitos arquitetos defendem a ideia que o profissional deve ser capaz de atender demandas das mais diversificadas possíveis. Relatam, sobretudo, que a possibilidade de atuação em áreas tão distintas, faz da profissão uma das mais instigantes e ricas em experiências humanas. No entanto, a tendência para uma abordagem generalista de um determinado problema espacial, acaba por incentivar projetos, muitas vezes, superficiais e levianos, sendo que os quais nem sempre levam em consideração detalhes cruciais para seu êxito. A excessiva liberdade para escolher questões a serem privilegiadas nos projetos arquitetônicos é uma prática comum nas escolas de arquitetura e raramente as decisões de intervenções espaciais se associam às necessidades reais.

Ou seja, em nome da liberdade criativa de um projeto, se menosprezam normas técnicas, se desprezam custos, minimizam fatores humanos e se sacrifica a qualidade espacial. De modo que muitas vezes, a falta de aprofundamento na concepção dos projetos é confundida com abordagem generalista.

Abordar as questões genericamente, por um lado pode ser saudável, muito embora nem sempre se atinja o grau de conhecimento necessário para se solucionar um problema arquitetônico. Tratar as questões profissionais de maneira generalista não quer dizer tratá-las superficialmente. Assim, se faz cada vez mais necessário admitir as próprias limitações e recorrer a especialistas, e quem sabe, se tornar um deles.

O fato é que poucos profissionais conhecem profundamente e tiram proveito das atribuições da profissão previstas em lei, de forma que apenas algumas delas são valorizadas e altamente concorridas. Consequentemente, muitos preferem se lamentar em relação à concorrência com os próprios colegas ou com os engenheiros. Para estes, recomendo que deem uma boa olhada na enorme gama de atribuições de um arquiteto na lei 12.378 de 2010.


A liberdade a que me refiro no início do texto está intimamente relacionada ao conhecimento dos fatores que motivam sua atuação. 


Érico Masiero, 06 Abril 2013


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