terça-feira, 19 de agosto de 2014

Há três principais caminhos para aqueles que pretendem obter uma experiência profissional no exterior. A primeira delas é ser contratado por uma multinacional e, esta empresa, transferi-lo para algum país. Neste caso, dificilmente você vai decidir para onde ir. A segunda é se ligar a uma instituição de ensino superior ou a um programa de intercâmbio internacional e procurar oportunidades de estágios ou estudos compatíveis com sua experiência. A terceira, a qual gostaria de tratar com mais detalhes neste texto, é o método tradicional, ou seja, procurar vagas de emprego diretamente no país de interesse.

Quatro fatores são fundamentais para aqueles que querem se aventurar a trabalhar com arquitetura no exterior. Primeiro, o domínio do idioma, segundo, é a documentação que permita obter o visto de trabalho no país, o terceiro, se refere à formalização dos seus conhecimentos sobre a área que você pretende atuar e, o quarto e mais importante, é grau de seu desprendimento com sua vida atual e sua abertura para vivenciar novas culturas. Sem estes quatro fatores bem resolvidos dificilmente você obterá sucesso lá fora.
Apesar de parecer óbvio que o domínio do idioma seja essencial, é muito comum as pessoas alimentarem expectativas de sucesso no estrangeiro acima do próprio preparo e se decepcionarem devido às experiências negativas com a comunicação. Principalmente pelo fato de que quando estudamos um idioma em alguma escola especializada, por melhor que ela seja, dificilmente teremos contato com a diversidade de sotaques e as expressões idiomáticas que se praticam pelo mundo. É possível dominar toda a gramática, ser expert em conjugação de verbos e conhecer bem a literatura de um determinado idioma, mas somente vivenciando-o para adquirir habilidades linguísticas e não passar apertado no cotidiano.

Crédito da imagem: Aaron Koblin

Isto também vale como dica para sua adaptação à cultura, aos hábitos locais, à alimentação, ao clima e ao ritmo de vida. Sem esforço e entusiasmo para compreender os valores da sociedade que pretende fazer parte e às condições sociais a que estará submetido, sua integração pode ficar comprometida. Esteja preparado inclusive para sofrer possíveis discriminações de origem étnico racial, de gênero ou profissional. Neste caso, muito provavelmente será necessário você mostrar serviço em dobro para provar sua capacidade produtiva.

Cada país determina suas próprias regras para emitir vistos de entrada nos passaportes e classificar os visitantes. Tais regras estabelecem principalmente o quanto tempo o visitante pode permanecer no território e o que ele poderá fazer por lá. Entre os diversos tipos de vistos de entrada nos países há o de turismo, o de estudo, o de trabalho temporário, o de imigrante e os de refugiados de conflitos internacionais. Assim, é importante que o pretendente a uma vaga de trabalho em algum país estude as regras para a obtenção de um visto de trabalho e verifique quais as condições necessárias para se tornar residente permanente.

Cada país oferece oportunidades para trabalhadores estrangeiros de acordo com a carência de profissionais em determinadas áreas. Por exemplo, se faltam profissionais na construção civil, o governo pode oferecer vagas para estrangeiros que demostrem bom desempenho profissional, boa reputação, formação acadêmica consistente e desejem estabelecer residência temporária ou permanente com seus familiares no país. Assim, abrem convites para que estrangeiros possam atuar legalmente no país.
De qualquer maneira, é recomendável que sua documentação seja impecável e todas as suas intenções fiquem claras nas entrevistas com o setor de imigração. Aqueles que gozam de direitos de dupla cidadania normalmente adquirem o mesmo status de residentes nativos após determinado tempo de permanência, principalmente em alguns países europeus.

Para quem estudou arquitetura e urbanismo no Brasil não é muito fácil formalizar os conhecimentos no exterior e receber uma habilitação profissional automática, fato que decorre do nosso isolamento cultural, linguístico e de nossa formação acadêmica ainda pouco preocupada com integração internacional. A Inglaterra, por exemplo, não reconhece o título de arquiteto obtido no Brasil e caso você pretenda atuar no mercado daquele país é necessário obter uma credencial do RIBA, (Royal Institute of British Architects), similar ao nosso CAU. Será exigido, neste caso, comprovar determinado tempo de estágio em alguma instituição conveniada com o RIBA na Grã Bretanha e cursar atividades acadêmicas complementares em alguma universidade, o que não costuma ser rápido nem muito barato. Caso você não consiga comprovar sua formação acadêmica e nem formalizar seus conhecimentos perante a sociedade daquele país, seu destino profissional será permanecer como estagiário por tempo indeterminado.

No Brasil ainda há uma imensa informalidade no mercado de trabalho principalmente no de arquitetura. Não se respeita piso salarial, horário de trabalho, tempo de experiência do funcionário, plano carreira, seguridade social, etc. De forma que estamos habituados com a precariedade das relações de trabalho. Em muitos países desenvolvidos não existe a menor possibilidade de ser contratado por uma empresa séria de forma precária como ocorre aqui com frequência. Assim, para concorrer a uma vaga em um local em que você muitas vezes pode ser visto como invasor, é necessário que sua documentação tanto referente ao visto quanto a habilitação profissional sejam impecáveis. Embora o fator mais relevante para o sucesso no exterior seja a sua disponibilidade para aceitar novas formas de viver e o seu desapego em relação ao Brasil, principalmente em relação às questões afetivas. Lembre-se que a busca por qualidade de vida e as questões financeiras podem não ser as mais preponderantes para embasar sua decisão de mudar de país.

Se sua intenção é apenas obter uma experiência profissional rápida, uma alternativa mais viável é buscar oportunidades na área acadêmica, tais como pós graduação, estágios especializados e intercâmbios profissionais, mas estes assuntos pretendo tratar em outro texto.

Alguns links úteis:



http://www.architecture.com/RIBA/Aboutus/Aboutus.aspx Royal Institute of British Architects


http://www.aia.org/ The American Institute of Architects

0 comentários:

Postar um comentário