segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Indignação e espanto são as manifestações mais comuns entre estudantes de arquitetura ao saber do tempo necessário para se estabelecer na profissão. Jovens universitários sonham com um futuro promissor e uma carreira cheia de sucesso, mas não consideram as dificuldades normais do percurso.

Uns, podem demorar poucos anos para obter reconhecimento, o que é muito raro que aconteça em qualquer das especialidades que escolher. A maioria deve demorar mais de cinco anos após a formatura para se adaptar às exigências do mercado de trabalho e receber gratificações financeiras e o respeito social que acreditam merecer. Nenhum diploma de graduação é garantia de sucesso profissional, nem nunca foi, e apesar do enorme apelo comercial das faculdades e dos meios de comunicação, só os muito perseverantes pacientes e apaixonados pela atividade sobrevivem. O investimento em qualquer profissão é sempre feito a fundo perdido, a dedicação de tempo, dinheiro e o esforço raramente resultam em um aumento imediato na remuneração. Nem por isso o investimento em formação deve ser preterido.


No caso de arquitetos autônomos que trabalham essencialmente com clientes individuais e projetos de habitações unifamiliares, o tempo de maturação do profissional é longo devido ao tempo necessário para que todo o processo de consolidação de um espaço se cumpra. Faça a seguinte pergunta para você mesmo: Se iniciarmos um projeto de arquitetura hoje, qual o tempo necessário para que o edifício seja finalmente ocupado pelos seus usuários?

O tempo talvez seja o fator mais subestimado pelos jovens profissionais e para atingir um grau de maturidade consistente é necessário passar por todas as fases de concepção e consolidação de pelo menos alguns espaços até adquirir experiência suficiente. Para estimar este tempo, procure somar o tempo necessário para que o primeiro cliente seja conquistado, inclua o tempo de negociação dos valores dos serviços que pretende prestar, estabeleça os prazos e as demais cláusulas do contrato. Inicie com algumas conversas para definir as estratégias básicas, rabisque as primeiras ideias no estudo preliminar, passe pelos processos de aprovação com o cliente e com os órgãos públicos. Quando estas etapas forem vencidas e o projeto é oficialmente aprovado, teremos a sensação que o dever foi cumprido, mas infelizmente não chegamos nem na metade do trabalho.

Inclua o tempo para a elaboração dos desenhos executivos, para compatibilizar os projetos complementares, orce a obra e administre-a, gerencie os conflitos com sua equipe de projeto e de execução, com seus fornecedores, com os vizinhos, com os palpiteiros de plantão e principalmente, com a ansiedade do cliente até chegar finalmente à apropriação dos usuários, se você sobreviver até lá.

Se você somou o tempo para cada etapa, deve ter verificado que por mais simples que seja o projeto, o processo não deve resultar em um tempo inferior a um ano, isso sem considerarmos os reveses e a concorrência de outros profissionais ávidos por um pedaço de bolo. Evidentemente, cada etapa citada se trata de uma possível especialidade de atuação e cabe a você encarar o maior número de situações e dificuldades para conhecer suas melhores características e suas limitações pessoais.

Sinto lhe informar, se você tem ânsia por sucesso profissional, terá que passar algumas vezes por tudo isso até se habituar e detectar os pontos que deve melhorar e, assim, corrigir as falhas nos trabalhos subsequentes. Poucos acertam 100% na primeira obra.



Coragem, persistência e paciência foram termos citados por vários colegas que conversei antes de escrever este texto, e todos foram unânimes em relação à gratificação ao ver uma obra realizada e bem utilizada. Aqueles que passaram por tudo isso garantem, arquitetura pode não ser a profissão mais rentável, mas ao longo do tempo é altamente compensadora do ponto de vista humano.

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