Se existe algo que eu pudesse mudar na
trajetória de aprendizado em arquitetura seria a dedicação às referências na
Santíssima Trindade da Arquitetura Moderna: Le Corbusier, Mies Van Der Rohe e
Frank Lloyd Wright, amém! Não que eu esteja decepcionado com eles, nem que
deixei de admirá-los, mas depois de tentar por diversas vezes organizar os
volumes em um jogo sábio, correto e magnífico sob a luz, tais atitudes me
renderam alguns percalços que resultaram em alguns calos e um mínimo de malícia
na solução de problemas espaciais. Até procurei praticar o menos é mais,
desisti! Acabei me rendendo ao Gehry, menos é chato, mesmo!
Daria muito mais atenção no início da
carreira à maneira de encarar a arquitetura brasileira, principalmente a
vernacular, aquela feita por leigos que compreendem muito bem a realidade das
pessoas comuns e das condições ambientais brasileiras. Assim, optaria mais
pelos fartos beirais, pela ventilação abundante, do que pelas fachadas livres e
terraços jardins. Daria mais atenção a Lúcio Costa, a João Filgueiras e a
Severiano Porto que ainda não os considero sagrados, mas souberam tão bem
traduzir o clima e a alma brasileira em formas e funções.
Severiano Porto Lúcio Costa João Filgueiras Lima |
Depois de um certo tempo, e de muitas
cabeçadas contra a parede, percebi junto com Lúcio Costa que a única coisa do
planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas. As adaptações
forçadas de soluções espaciais, as quais são embasadas mais na busca pela
satisfação estética e nos cacoetes acadêmicos, não resultam normalmente em
espaços sinceros e com identidade genuinamente nacionais. Questões do cotidiano
do uso do edifício, de respeito às condições físicas locais, de técnicas e
materiais construtivos e de caráter humano, sempre nos surpreendem. Depois que
algumas obras de nossa autoria ficam prontas, depois que usuários abusam dos ambientes
por nós idealizados, subvertem suas funções e que os materiais especificados
são colocados à prova, concluo que o tempo, cronológico e meteorológico, são
impiedosos conosco e com os objetos. Tais fatores demonstram nossas limitações
frente à ação da natureza e nossa insuficiência na compreensão dos fatores
determinantes da forma arquitetônica.
Isay Weinfeld
|
Segundo o Isay, arquitetura tem que
causar infartos, não discordo totalmente, embora acredite que ela não seja concebida
de muitos segredos. A melhor solução sempre tende para a simplicidade, portanto,
leva-se muito tempo para entender que o bom e velho Oscar tinha razão: “O mais
importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos...”
Oscar Niemeyer |
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