segunda-feira, 13 de maio de 2013


Se existe algo que eu pudesse mudar na trajetória de aprendizado em arquitetura seria a dedicação às referências na Santíssima Trindade da Arquitetura Moderna: Le Corbusier, Mies Van Der Rohe e Frank Lloyd Wright, amém! Não que eu esteja decepcionado com eles, nem que deixei de admirá-los, mas depois de tentar por diversas vezes organizar os volumes em um jogo sábio, correto e magnífico sob a luz, tais atitudes me renderam alguns percalços que resultaram em alguns calos e um mínimo de malícia na solução de problemas espaciais. Até procurei praticar o menos é mais, desisti! Acabei me rendendo ao Gehry, menos é chato, mesmo!

 
Mies Van Der Rohe        Le Corbusier                Frank Lloyd Wright

 
Frank O. Gehry
Daria muito mais atenção no início da carreira à maneira de encarar a arquitetura brasileira, principalmente a vernacular, aquela feita por leigos que compreendem muito bem a realidade das pessoas comuns e das condições ambientais brasileiras. Assim, optaria mais pelos fartos beirais, pela ventilação abundante, do que pelas fachadas livres e terraços jardins. Daria mais atenção a Lúcio Costa, a João Filgueiras e a Severiano Porto que ainda não os considero sagrados, mas souberam tão bem traduzir o clima e a alma brasileira em formas e funções.

Severiano Porto         Lúcio Costa                João Filgueiras Lima
Depois de um certo tempo, e de muitas cabeçadas contra a parede, percebi junto com Lúcio Costa que a única coisa do planejamento é que as coisas nunca ocorrem como foram planejadas. As adaptações forçadas de soluções espaciais, as quais são embasadas mais na busca pela satisfação estética e nos cacoetes acadêmicos, não resultam normalmente em espaços sinceros e com identidade genuinamente nacionais. Questões do cotidiano do uso do edifício, de respeito às condições físicas locais, de técnicas e materiais construtivos e de caráter humano, sempre nos surpreendem. Depois que algumas obras de nossa autoria ficam prontas, depois que usuários abusam dos ambientes por nós idealizados, subvertem suas funções e que os materiais especificados são colocados à prova, concluo que o tempo, cronológico e meteorológico, são impiedosos conosco e com os objetos. Tais fatores demonstram nossas limitações frente à ação da natureza e nossa insuficiência na compreensão dos fatores determinantes da forma arquitetônica.

Isay Weinfeld

Segundo o Isay, arquitetura tem que causar infartos, não discordo totalmente, embora acredite que ela não seja concebida de muitos segredos. A melhor solução sempre tende para a simplicidade, portanto, leva-se muito tempo para entender que o bom e velho Oscar tinha razão: “O mais importante não é a arquitetura, mas a vida, os amigos...”

Oscar Niemeyer


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