Pouco se
sabe sobre os processos mentais que ocorrem no nosso cérebro quando estamos
criando algo. Entre o pouco que se sabe, a criatividade é decorrência de falhas
no nosso raciocínio. Criatividade nasce nos meandros da consciência. É mais ou
menos assim, quando você precisa explicar para alguém algo que não tem muito
domínio, você inventa. É assim, quando vai narrar uma história que não se
lembra muito bem, que há muitas lacunas e de alguma forma você incrementa a tal
história com fatos e a interpreta de acordo com sua imaginação para dar mais
emoção a conversa.
Apesar
dos processos serem pouco conhecidos pela ciência, há um consenso, criatividade
se desenvolve praticando. Assim como aprender um idioma, ou seja, se você está
em uma situação de conflito você vai arrumar uma maneira de se comunicar e
conseguir o que quer. Quem está sempre na zona de conforto pouco cria. Portanto
é necessário que a gente se proponha desafios, seja pró ativo para deixar que a
criatividade aflore na sua mente.
Há muitas
maneiras de se praticar a criatividade, uma delas é copiando...
- Copiando?
Sim, isso
mesmo! Copiando métodos de trabalho de outros profissionais é possível entender
alguns caminhos para desenvolver o seu próprio, mas cuidado, se levar este
conselho muito a sério, você poderá ser processado por plágio. Assim, procurar
compreender os métodos pode te ajudar a desenvolver o seu próprio lado criativo.
Ninguém
aprende a tocar um instrumento musical compondo uma ópera logo no início dos
estudos. Primeiro é necessário aprender a lógica do instrumento, as técnicas
básicas de posicionamento corporal, as escalas musicais, as noções de harmonia
e composição de acordes e as noções de ritmo. Para finalmente, tentar reproduzir
uma simples canção dos Beatles com três acordes, por exemplo. Para quem já
enfrentou este desafio sabe que, dependendo do instrumento, os primeiros seis
meses servem para se familiarizar com ele, para somente depois pensar em seu
próprio estilo de tocar, interpretar e até, quem sabe, compor algo.
Estudar
arquitetura também implica em conhecer os clássicos e partir deles, criar
coisas novas. Primeiro estudamos uma obra referencial sob diversos aspectos,
como a estrutura, a proporção entre vigas e pilares, a iluminação natural, o
trabalho topográfico para adaptar o edifício ao terreno e ao clima local, etc.
Procuramos compreender como o trabalho técnico resultou nas questões estéticas
ou vice versa, ou, como as questões sócio econômicas e histórico culturais
possibilitaram a adoção de determinadas técnicas de composição espacial. Após compreendermos tais questões é que
estaremos aptos a tentar reproduzir ou se contrapor aos mesmos conceitos de
ritmo, harmonia e proporção em uma obra própria. De qualquer forma, criando com
base no que já existe.
O sujeito
que se propõe a criar enfrenta momentos de frustração mais frequentes que os de
satisfação. Sempre que acreditamos no acaso da harmonia, seja na música, na
dança ou na arquitetura, quebramos a cara. O belo nunca será decorrência do
acaso.
O limite
entre a criatividade e a loucura é muito tênue e assim, desenvolvemos ao longo
da vida mecanismos de auto censura que barram as novas ideias devido ao nosso medo de parecer
ridículo.
E você ? Está
preparado para expor suas ideias livremente? Tem medo de parecer ridículo? Se
sim, recomendo que não estude arquitetura, teatro, artes plásticas, música ou
coisa parecida.
Ser
criativo exige coragem e dedicação.
Para
conhecer um pouco mais sobre a angústia do ato artístico de criar, recomendo que
assistam ao filme Agonia e Êxtase de Carol Reed que trata dos conflitos de
Michelangelo com o Papa Júlio II ao criar as pinturas do teto da Capela Sistina
no Vaticano. O resultado da imagem é tão impactante que dificilmente algum
cristão consegue imaginar algo diferente em relação à criação da vida. Não me
comparo ao Michelangelo mas tenho lá também minhas angústias com muita
frequência...
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