Muito se comenta sobre a imensa gama de conhecimentos necessária para atuar efetivamente, e muito se lamenta também da falta de acesso às oportunidades no mercado de trabalho de arquitetura e urbanismo. Os pessimistas adoram dizer que a profissão está “saturada” e existem mais profissionais atuando nestas funções do que o “mercado pode absorver” ou outras manifestações parecidas. Desculpem os pessimistas, mas eu acredito justamente no contrário, muitas áreas ainda permanecem inexploradas.
A profissão está muito carente de profissionais capacitados que saibam conduzir a diversidade de conflitos e de interesses característicos desta atividade. Haja vista, muitas prefeituras de cidades do interior do Brasil sequer possuem um engenheiro no quadro permanente de funcionários públicos, quiçá arquitetos. Após anos em vigor, poucos profissionais dominam com desenvoltura o Estatuto da Cidade, ou sabem os princípios que regem o plano diretor de sua própria cidade, e pasmem, muitos fazem questão de ignorá-lo por acreditar que estes mecanismos regulatórios travam o desenvolvimento urbano. Órgãos públicos em geral nem sempre contam com profissionais no seu quadro que saibam atrair verbas dos programas ministeriais, de agências de fomento ou de bancos públicos e privados como Banco Nacional do Desenvolvimento (BNDES) ou Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) ou de qualquer outra instância federal ou internacional. Há carência, inclusive de pessoas que compreendam, gerenciem e fiscalizem os processos de licitação. Acho que já está claro que não basta ser bom projetista, conhecer processos construtivos e dominar softwares como ninguém, é necessário acima de tudo conhecer os processos de tomada de decisão, as fontes de recursos e os mecanismos regulatórios. Saber lidar com pessoas é fundamental.
Em meio à imensa gama de atuação, ao gigantesco território brasileiro e ao mar de precariedade de infraestrutura que o país enfrenta atualmente, há ainda aqueles que duvidam das oportunidades de trabalho de um arquiteto. No entanto, muitos profissionais ainda preferem brigar pelo mesmo pedaço do bolo e se lamentar que o mercado está muito concorrido e desleal.
Enfim, profissionais bem preparados conseguem movimentar o seu próprio meio, transformar ideias em oportunidades e consequentemente atrair recursos e abrir novas possibilidades de trabalhos direta e indiretamente.
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