Enquanto governos, economistas e empresários discutem taxas de juros, sistemas de financiamento, arrecadação de impostos e subsídios para o setor produtivo, nossa educação definha com meros 5% de investimento do PIB.
O sistema educacional e a consequente produção de arquitetura no país não são exceções. Não adianta se iludir que estamos produzindo grandes revoluções tecnológicas ou arquitetura de qualidade internacional. Os modelos desenvolvidos durante os anos dourados das décadas de 50 a 70, em que vimos muitos dos expoentes se estabelecerem, ainda não foram superados e continuam representando paradigmas consideráveis nas escolas de arquitetura brasileiras. Planos ortogonais, linhas retas e racionalidade do espaço ainda dominam nosso repertório de projeto, basta ver as premiações do IAB e os pareceres dos jurados de concursos nacionais.
Concordo que seja realmente importante estudarmos e valorizarmos a história do país para que se mantenham os referenciais modernistas, mas o fato é que, sem investimentos maciços em educação em níveis fundamentais e superiores, não produziremos mentes e soluções suficientemente contundentes para a superação da atual estagnação produtiva e cultural do país. Continuaremos a reproduzir modelos produtivos baseado no auge da história econômica do país, ou seja, aqueles mesmos modelos engambelados da época do tal “milagre econômico” da década de 70 ou dos “50 anos em 5” de um sujeito chamado Juscelino Kubistchek.
Os novos problemas decorrentes das caóticas cidades brasileiras pouco entram nas agendas dos cursos de arquitetura e urbanismo. Não há luz no final do túnel se não investirmos maciçamente em soluções criativas, técnicas e coerentes com nossa época ou permaneceremos fechados para o futuro.
Sem melhorias reais e significativas em educação básica e média estamos fadados ao fracasso como nação produtora de riqueza.
ResponderExcluirNo máximo continuaremos uma nação produtora de “commodites”, ou seja extrativista, de baixo valor agregado e que não necessita de grande volume de mão-de-obra.
Aliás, os chineses já descobriram o continente africano com possuidor de muito espaço para produção de alimentos e com muita mão-de-obra ociosa. O Brasil que se cuide ou nem soja venderemos mais.
Sobre os problemas das caóticas cidades brasileiras e também da nossa educação, entendo que a sua idéia apresentada no seu primeiro texto também é válida. Existem soluções técnicas para as nossas mazelas, a grande questão é a vontade política para tal. A final de contas, se resolvermos os problemas, o que sobrará para os políticos criticarem e prometerem? Como eles vão ganhar dinheiro? Lembre-se que projetar uma obra pública e entrega-la dentro do prazo e dentro do orçamento previsto não dá “lucro” para político. Basta citar a grande obra do metrô de Salvador.
As notícias do mês passado dizem que:
“A obra [do metrô de Salvador] já levou quatro vezes o tempo previsto, custou mais do dobro. E ainda não há previsão para que os trens entrem em operação”.
“Apenas seis quilômetros (dos 12 previstos) estão prontos. E só com metade do trajeto o governo gastou duas vezes e meia o que era previsto para a obra inteira”.
“Se já estivesse concluída e funcionando, a primeira linha do metrô baiano estaria transportando cerca de 200 mil pessoas por dia e pelo menos 300 ônibus deixariam de circular pelas ruas engarrafadas de Salvador”.
Esse é o retrato do Brasil!
E como você me disse há muitos anos: “Cada povo tem o governante que merece”.